Efeitos agudos do exercício dinâmico de baixa intensidade sobre a variabilidade da feqüência cardíaca e pressão arterial de indivíduos normotensos e hipertensos leves
Palavras-chave:
hipertensão, variabilidade da frequencia cardiaca, atividade motora, fisioterapiaResumo
Objetivo
Fornecer subsídios para melhor se conhecer o efeito imediato (efeito hipotensor agudo) da atividade física dinâmica aeróbia de baixa intensidade sobre a pressão arterial de normotensos e hipertensos essenciais leves e a provável contribuição autonómica cardíaca nesse processo.
Métodos
Foram estudados dez normotensos e 7 hipertensos essenciais leves com idade média de 21, 7 ± 2,9 e 26,4 ± 8, 1 anos, respectivamente. A atividade física dinâmica proposta para o estudo foi aeróbia leve, a valores de referência de 60% da frequência cardíaca submax, entendida como FCsubmax = [(195 - idade) x 60%) realizada durante 40 minutos. A Variabilidade da Frequência Cardíaca foi a ferramenta usada para a análise da função autonômica cardíaca nas fases de repouso inicial e recuperação pós-esforço (O a 1 O minutos pós atividade física dinâmica).
Resultados
Ocorreu redução da pressão arterial após a atividade física dinâmica; porém, constatou-se que no grupo normotenso este fato esteve significativamente ligado aos valores da pressão arterial diastólica, enquanto que no grupo de hipertensos leves o efeito hipotensor mais importante ocorreu com a pressão arterial sistólica. Entretanto, com a análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca, no tempo transcorrido entre O e 10 minutos da fase de recuperação pós atividade física dinâmica, não se conseguiu documentar uma participação autonômica cardíaca significativa como responsável pela redução dos níveis tensionais obtidos; apesar disso, observou-se uma tendência de elevação dos valores das variáveis que refletem a atividade parassimpática e de redução daqueles que mostram a atividade simpática cardíaca.
Conclusão
O estudo demonstrou que a atividade física dinâmica prescrita adequadamente pode reduzir transitoriamente a pressão arterial de normotensos e hipertensos essenciais leves como foi documentado na fase de O a 1 O minutos após o esforço e que há indícios de que a exposição frequente à atividade física dinâmica poderia promover adaptações benéficas ao controle de hipertensão arterial leve. Outrossim, pelos resultados obtidos, pode-se inferir que se um número maior de indivíduos fosse estudado, a análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca poderia, juntamente aos ajustes periféricos, demonstrar uma contribuição autonômica cardíaca mais expressiva no processo de hipotensão arterial pós-esforço.
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