Fibromialgia
correção clínica, laboratorial e eletromiográfica
Palavras-chave:
hiperalgesia, depressão, fibromialgia, doenças reumaticasResumo
Foram estudados 50 pacientes que apresentavam o diagnóstico clínico de fibromialgia, segundo os critérios do Colégio Americano de Reumatologia 1990, com os seguintes objetivos: 1) Verificar a frequência dos diversos sintomas clínicos neste grupo, comparando-os com o da literatura. 2) Verificar a presença de sintomas depressivos no momento do exame clínico, através do questionário para a depressão de Beck. 3) Verificar através dos exames laboratoriais (hemograma, fator antinuclear, eletroforese de proteínas sérica, transaminase (oxalacética e pirúvica), creatino-fosfoquinase e desidrogenase lática), a existência ou não de enfermidades concomitantes ou sinais de agressão inflamatória muscular. 4) Verificar, através da eletromiografia, a existência ou não de sinais de denervação aguda ou crónica e/ou sinais de um processo miopático ou miosítico. Neste grupo houve um predomínio do sexo feminino (90%), faixa etária 30 a 60 anos (80%), cor branca (80%) e o tempo da doença de até 90 meses (78%), estas frequências estavam de acordo com a literatura. Todos os sintomas gerais, como aqueles agravados pela: atividade física, alteração do clima, ansiedade/estresse, alteração do sono, fadiga, cefaléia crónica, síndrome do cólon irritável, turgore dormência nas extremidades, encontravam-se com uma frequência elevada se assemelhando aos da literatura, exceto os sintomas referentes ao cólon irritável encontrado somente em 4% dos pacientes. A média de pontos doloridos (9,4 +/- 3, I pontos) e a frequência de acometimento das diversas regiões estavam de acordo com a literatura, com um predomínio para as regiões lombar, cervical e ombros. Os sintomas depressivos, detectados em 50% dos pacientes, não foram suficientes para determinar uma maior sensibilidade dolorida e maior frequência dos sintomas clínicos gerais. Os exames laboratoriais estavam normais, sem qualquer alteração que pudesse sugerir um envolvimento muscular inflamatório ou auto imune. A eletromiografia não demonstrou alterações elétricas como: denervação, alteração miopáticas ou miosíticas, mas em 56,4% dos pacientes foi observada uma grande dificuldade para o relaxamento muscular, o que em parte dificulta a interpretação dos laudos da eletromiografia que será objeto de estudos posteriormente.
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