O valor da anamnese e exame clínico no seguimento após tratamento de carcinoma endometrial
Palavras-chave:
Neoplasias do endométrio, Recidiva, SobrevidaResumo
Objetivo
Avaliar recidivas em pacientes com carcinoma endometrial quanto à frequência,localização, sintomas, fatores prognósticos, propedêutica diagnóstica da recidiva e sobrevida livre de doença e após recidiva.
Métodos
Foram avaliadas 196 mulheres, estádio clínico I, submetidas à cirurgia, com ou sem tratamento adjuvante, no período de janeiro de 1989 a julho de 1996. Utilizou-se o método de Kaplan-Meier e o teste de Wilcoxon.
Resultados
Quinze por cento das pacientes apresentaram recidivas, sendo 86,6% até 36 meses após a cirurgia e o carcinoma vaginal o mais frequente (40,0%), seguido do pulmonar e linfonodal, que estavam relacionados a fatores de alto risco para
recidiva. Metade das pacientes era sintomática e, destas, 46,6% tinham metástases à distância. Os exames clínico e/ou ginecológico alterados orientaram exames complementares em todas as pacientes sintomáticas e dois terços das assintomáticas. O diagnóstico foi feito por ultrassom e Raios X do tórax em um terço das assintomáticas. A citologia oncológica foi dispensável. A presença ou não de sintomas não influenciou na sobrevida livre de doença e pós-recidiva. Apesar da maior sobrevida das pacientes com recidivas vaginais, não houve diferença significativa ao se comparar aos outros sítios de recidiva (p=0,05).
Conclusão
A maioria das pacientes apresentou recidivas nos primeiros três anos após o tratamento, tinham sinais/sintomas que orientaram a solicitação dos exames complementares e estavam associados a fatores de mau prognóstico. A recidiva mais frequente foi a vaginal e a citologia oncológica foi dispensável. A presença de sintomas e o sítio da recidiva não influenciaram na sobrevida das pacientes. Todos estes resultados devem ser considerados nos protocolos de seguimento.
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