Manifestações clínicas de dengue em crianças durante epidemia na região de Campinas (SP)
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0897v19n1/6a825Palavras-chave:
Criança, Dengue, Sintomas clínicos, Surto de doençaResumo
Objetivo
Descrever as manifestações clínicas e analisar os achados laboratoriais indicativos de dengue, na Unidade de Urgência Referenciada Pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, durante epidemia na região, entre janeiro de 2007 e março de 2008.
Métodos
Foi feito estudo transversal de 231 pacientes com suspeita de dengue e idade entre zero e 15 anos. Os casos foram divididos em dois grupos, confirmados ou não, utilizando-se sorologias e/ou teste rápido ou critério clínico-epidemiológico durante a epidemia. Levantaram-se variáveis clínicas e laboratoriais, que foram processadas e comparadas entre os grupos, usando-se o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 16.0 e os testes estatísticos Qui-quadrado, teste-exato de Fisher, teste t de Student e regressão logística univariada, adotando-se p<0,05.
Resultados
Confirmou-se dengue em 156 pacientes: 115 (73,7%) por critério clínico-epidemiológico, 20 (12,8%) por sorologia, 11 (7,1%) por teste rápido e 10 (6,4%) por ambos. O grupo portador de dengue apresentou maior média de idade, mais queixas de prostração, cefaleia, exantema, menos de diarreia e dor abdominal, necessitando menos de hidratação venosa e internação hospitalar. Encontrou-se também maior média de hematócrito e menor de leucócitos e plaquetas. Apenas um paciente preencheu critérios para febre hemorrágica do dengue. Dois evoluíram para óbito (sepse e febre maculosa).
Conclusão
Na poopulação analisada, os sinais clínicos sugestivos para diagnóstico de dengue foram: idade, prostração, cefaleia e exantema, sendo pouco frequentes diarreia e dor abdominal. Alterações no hemograma mostraram-se estatisticamente significantes. Foram poucos os casos graves, um de febre hemorrágica do dengue e dois óbitos que não confirmaram dengue como causa mortis.
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