Os desafios da pesquisa ética com crianças

Autores

  • Rosângela FRANCISCHINI Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av
  • Natália FERNANDES Universidade do Minho, Centro de Investigação em Estudos da Criança, Departamento de Ciências Sociais de Educação.

Palavras-chave:

Direito da criança, Ética, Pesquisa com crianças

Resumo

As especificidades da pesquisa com crianças têm ganhado visibilidade nas produções acadêmicas em diversas áreas de conhecimento, com destaque para a Sociologia da Infância, principalmente a partir dos “novos estudos sobre a infância” os quais emergiram ao final da década de 1980. Essa visibilidade acontece devida a questões como: a discussão sobre as imagens da infância, construídas socio-historicamente; o reconhecimento da condição das crianças enquanto atores sociais, portanto, seres competentes, que atribuem significações a suas experiências e contextos; e o reconhecimento das crianças enquanto sujeitos de direitos, reconhecimento este pautado pela Doutrina da Proteção Integral. Permeadas por essas questões, as pesquisas com crianças agregam a questão da Ética nas atividades desenvolvidas na relação pesquisador-criança. No contexto dessa discussão, este trabalho propõe refletir sobre essas questões e os cuidados éticos nesse tipo de pesquisa, considerando a condição da criança enquanto sujeito de direitos. Foi realizado um recorte da produção acadêmica representativa na área da Sociologia da Infância nas duas últimas décadas, identificando quais aspectos aparecem nas preocupações dos autores, quais abordagens norteiam a discussão desses aspectos e, principalmente, que concepção de infância está presente nessa produção.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alderson, P. (1995). Listening to children: Children, ethics and social research. London: Barnardo’s.

Alderson, P., & Morrow, V. (2004). Ethics, social research and consulting with children and young people. London: Barnardo’s.

Alderson, P., & Morrow, V. (2011). The ethics of research with children and young people: A practical handbook. London: Sage Publications.

Bakhtin, M. M. (1992a). Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes.

Bakhtin, M. M. (1992b). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec. (Originalmente publicado em 1929).

Brasil. Presidência da República. (1990). Lei Federal nº 8.069/90, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília: Autor. Recuperado em agosto 19, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm

Bühler-Niederberger, D. (2010). Childhood sociology in ten countries: Current outcomes and future directions. Current Sociology, 58(2), 369-384.

Christensen, P., & Prout, A. (2002). Working with ethical symmetry in social research with children. Childhood, 9(4), 477-497.

Clark, A. (2010). Young children as protagonists and the role of participatory, visual methods in engaging multiple perspectives. American Journal of Community Psychology, 46(1-2), 115-123. http://dx.doi.org/10.1007/s10464-010-9332-y

Cruz, S. H. V. (Org.). (2008). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez.

Farrell, A., Tayler, C., & Tennent, L. (2012). Building social capital in early childhood education and care: Na Australian study. British Educational Research Journal, 30(5), 622-632.

Fernandes, N. (2009). Infância, direitos e participação: representações, práticas e poderes. Porto: Edições Afrontamento.

Francischini, R., & Campos, H. R. (2008). Crianças e infâncias, sujeitos de investigação: bases teórico-metodológicas. In S. H. V. Cruz (Org.), A criança fala: a escuta de crianças em pesquisa (pp.102-117). São Paulo: Cortez.

Freeman, M. (1998). The sociology of childhood and children’s rights. The International Journal of Children’s Rights, 6(4), 433-444.

Grover, S. (2004). Why won’t they listen to us? On giving power and voice to children participating in social research. Childhood, 11(1), 81-93.

Huggins, M. K., & Rodrigues, S. (2004). Kids working on paulista avenue. Childhood, 11(4), 495-514.

James, A., & James, A. (2004). Constructing childhood: Theory, policy and practice. Basingstoke: Palgrave Macmillan.

James, A., & James, A. (2009). Key concepts in childhood studies. London: Sage.

James, A., Jenks, C., & Prout, A. (1998). Theorising childhood. Cambridge: Polity Press.

James, A., & Prout, A. (Eds.). (1997). Constructing and reconstructing childhood: Contemporary issues in the sociological study of childhood. London: Falmer Press.

Kramer, S. (2002). Autoria e autorização: questões éticas na pesquisa com crianças. Cadernos de Pesquisa, 116, 41-59.

Lange, A., & Mierendorff, J. (2009). Method and methodology in childhood research. In J. Qvortrup, W. Corsaro, & M. Honig (Eds.), The palgrave handbook of childhood studies (pp.78-95). Basingstoke: Palgrave Macmillan.

Matias, H. J. D., & Francischini, R. (2010). Desafios da etnografia com jovens em situação de rua: a entrada em campo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23(2), 243-252.

McNamee, S., & Seymour, J. (2012). Towards a sociology of 10-12 year olds? Emerging methodological issues in the ‘new’ social studies of childhood. Childhood, 20(2), 156-168.

Mayall, B. (2000). The sociology of childhood in relation to children’s rights. The International Journal of Children’s Rights, 8(3), 243-259.

Moran-Ellis, J. (2010). Reflections on the sociology of childhood in the UK. Current Sociology, 58(2), 186-205.

Morrow, V., & Richards, M. (1996). The ethics of social research with children: An overview. Children & Society, 10(2), 90-105.

Morrow, V. (2008). Ethical dilemmas in research with children and young people about their social environments. Children’s Geographies, 6(1), 49-61.

Newman, L. A., MacDougall, C. J. M., & Baum, F. E. (2009). Australian children’s accounts of the closure of a car factory: Global restructuring and local impacts. Community, Work & Family, 12(2), 143-158.

O’Kane, C. (2000). The development of participatory techniques: Facilitating children’s views about decisions which affect them. In P. Christensen & A. James (Eds.), Research with children: Perspectives and practices. London: Falmer Press.

Prout, A., & James, A. (1990). A new paradigm for the sociology of childhood? Provenance, promise and problems. In A. James & A. Prout (Eds.), Constructing and reconstructing childhood. London: Falmer Press.

Punch, S. (2002a). Interviewing strategies with Young people: The ‘secret box’, stimulus material and taskbased activities. Children and Society, 16(1), 45-56.

Punch, S., (2002b). Research with children: The same or different from research with adults? Childhood, 9(3), 321-341.

Sirota, R. (1998a). ’L’Emergence d’une sociologie de l’enfance: évolution de l’objet, évolution du regard’. Éducation et Sociétés 2 (Special issue), 9-34.

Sirota, R. (Ed.). (1998b). Éducation et Sociétés 2 and 3. Lyon: ENS Éditions. (Special issue: Sociologie de l’enfance).

Sirota, R. (2010). French childhood sociology: An unusual, minor topic or well-defined field? Current Sociology, 58(2), 250-271.

Tisdalla, E., Kay, M., & Punch, S. (2012). Not so ‘new’? Looking critically at childhood studies. Children’s Geographies, 10(3), 249-264.

Thomas, N., & O’Kane, C. (1998).The ethics of Mparticipartory research with children. Children and Society, 12(5), 336-348.

Vakaoti, P. (2009). Researching street-frequenting Young people in Suva: Ethical considerations and their impacts. Children’s Geographies, 7(4), 435-450.

Van Krieken, R. (2010). Childhood in Australian sociology and society. Current Sociology, 58(2), 232-249.

Vasconcellos, V. M. R., & Sarmento, M. J. (Orgs.) (2007). Infância (in)visível. Rio de Janeiro: Junqueira & Marin .

Vygotsky, L. S. (1995). Obras escogidas. Madri: Visor Distribuciones.

Downloads

Publicado

2023-03-15

Como Citar

FRANCISCHINI, R., & FERNANDES, N. . (2023). Os desafios da pesquisa ética com crianças. Estudos De Psicologia, 33(1). Recuperado de https://puccampinas.emnuvens.com.br/estpsi/article/view/7792

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: A CRIANÇA, A MÃE E A FAMÍLIA NA PESQUISA