Administração hipotalâmica aguda de L-arginina aumenta a ingestão alimentar em ratos

Autores

  • Carlos Ricardo Maneck MALFATTI Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Luiz Augusto da SILVA Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Ricardo Aparecido PEREIRA Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Renan Garcia MICHEL Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • André Luiz SNAK Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Fabio Seidel dos SANTOS Universidade Estadual do Centro-Oeste

Palavras-chave:

Sistema nervoso central, Ingestão de alimentos, Comportamento alimentar

Resumo

Objetivo
Este estudo investigou os efeitos da suplementação crônica (oral) e aguda (infusão no hipotálamo) com L-arginina sobre a saciedade, composição corporal e mudanças comportamentais em ratos.

Métodos
Vinte ratos foram divididos em dois grupos e tratados por via oral durante 60 dias; um grupo recebeu uma dose de L-arginina (1 g/kg de peso corporal), outro grupo recebeu uma dose de solução salina (1 mL/NaCl 0.9%). O consumo diário de água e comida e a evolução do ganho de peso foram avaliados. Após o tratamento por via oral, os ratos foram submetidos à estereotaxia: um grupo recebeu uma injeção com 2 µl de L-Arginina (0.5 mM) e outro recebeu uma injeção de solução salina (NaCl 0,9%), no hipotálamo, através de microinfusão. Imediatamente após a microinfusão, foi avaliado o comportamento dos animais através do teste em campo aberto. O consumo de água e de comida foi avaliado nas 12 e 24 horas seguintes à microinfusão. No final dos tratamentos, os ratos foram eutanasiados para coleta de amostras para dosagem de glicose, glicerol e colesterol, além da análise histológica dos órgãos.

Resultados
A suplementação oral com L-arginina promoveu aumento do consumo de água (11%, p<0,05) e ganho de peso (3%, p<0,05). Além disso, a infusão hipotalâmica promoveu um aumento significativo do consumo alimentar (30%, p<0,05) após 24 horas da administração de L-arginina.

Conclusão
O tratamento oral crônico com L-arginina não obteve efeitos na modulação do apetite. No entanto, ocorreu aumento da ingestão de alimento quando a L-arginina foi administrada diretamente no hipotálamo, sugerindo que exista uma estimulação do apetite através da sensibilização da nNOS nessa região. O uso crônico de L-arginina não causou mudanças substanciais nos dados antropométricos, bioquímicos, comportamentais ou histológicos.

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Publicado

31-03-2023

Como Citar

Maneck MALFATTI, C. R. ., da SILVA, L. A. ., Aparecido PEREIRA, R. ., Garcia MICHEL, R., SNAK, A. L. ., & Seidel dos SANTOS, F. . (2023). Administração hipotalâmica aguda de L-arginina aumenta a ingestão alimentar em ratos. Revista De Nutrição, 28(1). Recuperado de https://puccampinas.emnuvens.com.br/nutricao/article/view/8192

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS