Formação e atuação de nutricionistas dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família

Autores

  • Camilla Botêga AGUIAR Instituto Federal de Goiás
  • Nilce Maria da Silva Campos COSTA Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Atenção Básica à Saúde, Nutricionista, Recursos Humanos

Resumo

Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a formação acadêmica e a atuação profissional de nutricionistas dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família de Goiás.

Métodos
Trata-se de estudo descritivo e exploratório, de corte transversal, realizado com nutricionistas atuantes naqueles Núcleos. Para coleta de dados foi utilizado um questionário autoaplicável, com questões abertas e fechadas, elaboradas para caracterizar os nutricionistas, sua formação acadêmica e atuação profissional.

Resultados
Participaram da pesquisa 22 nutricionistas do sexo feminino, representando 88,0% do total. Destas, 59,1% possuíam menos de três anos de formadas; 13,6% fizeram especialização em Saúde da Família e apenas 27,3% sentiam-se capacitadas para a atuação profissional mediante reflexão sobre a realidade socioeconômica, política e cultural do território. Em relação à atuação, 80,0% foram contratadas em caráter temporário, o que pode comprometer o vínculo entre o profissional e a população. Ainda, 36,4% atuavam há menos de 1 ano; 18,2% foram capacitadas antes do início das atividades; e 59,1% sentiam-se pouco capacitadas para trabalhar nos núcleos. Apenas 9,1% das participantes discutiam sobre matriciamento nas reuniões e utilizavam referências sobre a ferramenta. O trabalho em equipe foi apontado como facilitador das ações realizadas, e o não conhecimento do papel dos Núcleos como um fator que dificulta.

Conclusão
Os nutricionistas dos Núcleos possuem pouca experiência profissional, sentem-se pouco qualificados para atuar em saúde da família e apresentam dificuldades de compreensão da realidade social, pois a formação acadêmica não proporcionou segurança para atuação na área, assim como é precário o conhecimento sobre os Núcleos. 

Referências

Ypiranga L. Delimitação do objeto de trabalho do nutricionista: subsídios para uma discussão. Saúde Debate. 1990; 29:62-9.

Costa NMSC. A formação do nutricionista: educa ção e contradição. 2ª ed. Goiânia: UFG; 2002.

Braccialli LAD, Oliveira MAC. Desafios na formação médica: a contribuição da avaliação. Rev Bras Educ Med. 2012; 36(2):280-8.

Soares NT, Aguiar AC. Diretrizes curriculares na cionais para os cursos de nutrição: avanços, lacunas, ambiguidades e perspectivas. Rev Nutr. 2010; 23(5):895-905. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-5 2732010000500019

Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES n° 5/2001. Ins titui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em nutrição. Diário Oficial da União. 2001; 9 nov, p.39, Seção 1.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 3.019/2007. Dispõe sobre o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde - para os cursos de graduação da área da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2007.

Aguiar AC, Ribeiro ECO. Conceito e avaliação de habilidades e competência na educação médica: percepções atuais dos especialistas. Rev Bras Educ Med. 2010; 34(3):371-8.

Cervato-Mancuso AM, Tonácio LV, Silva ER, Vieira VL. A atuação do nutricionista na atenção básica à saúde. Ciênc Saúde Colet. 2012; 17(12):3289-300.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 2.488/2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

Assis AMO, Santos SMC, Freitas MCS, Santos JM, Silva MCM. O Programa Saúde da Família: contri buições para uma reflexão sobre a inserção do nutri cionista na equipe multidisciplinar. Rev Nutr. 2002; 15(3):255-66. http://dx.doi.org/10.1590/S 1415-52 732002000300001

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 154/2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

Severino AJ. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed. São Paulo: Cortez; 2007.

Oliveira MLC. Comitê de ética em pesquisa na Brasil: um estudo das representações sociais. Brasília: Universa; 2004.

Brasil. Organização Pan Americana da Saúde. Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição. Como estão sendo realizadas as ações de Alimentação e Nutrição nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família? Texto de Sistematização da Rede Nutri. Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [acesso 2012 nov 11]. Disponível em: http://ecos-redenutri. bvs.br

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes do NASF: Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. Série Cadernos de Atenção Básica, nº 27.

Santana TCM, Ruiz-Moreno L. Formação do nutri cionista atuante no Programa Nacional de Alimen tação Escolar. Nutrire. 2012; 37(2):183-98.

Fagundes AA. A atuação do nutricionista nos Nú cleos de Apoio à Saúde da Família [doutorado]. Brasília: Universidade de Brasília; 2013.

Costa GD, Cotta RMM, Ferreira MLSM, Reis JB, Reis F, Castro SC. Saúde da família: desafios no processo de reorientação do modelo assistencial. Rev Bras Enferm. 2009; 62(1):113-8.

Recine E, Gomes RCF, Fagundes AA, Pinheiro ARO, Teixeira BA, Sousa JS, et al. A formação em saúde pública nos cursos de graduação de nutrição no Brasil. Rev Nutr. 2012; 25(1):21-33. http://dx.doi. org/10.1590/S1415-52732012000100003

Banduk MLS, Ruiz-Moreno L, Batista NA. A cons trução da identidade profissional na graduação do nutricionista. Interface. 2009; 13(28):111-20.

Recine E, Mortoza AS. Consenso sobre habilidades e competências do nutricionista no âmbito da saúde coletiva. Brasília: Observatório de Políticas de Segurança e Nutrição; 2013. 22. Campos RO, Gama CA, Ferrer AL, Santos DVD, Stefanello S, Trapé TL, et al. Saúde mental na atenção primária à saúde: estudo avaliativo em uma grande cidade brasileira. Ciênc Saúde Colet. 2011; 16(12):4643-52.

Miranda DEGA, Pereira CHC, Paschoini TB, Quaglio T. O perfil de atuação dos ex-alunos do curso de nutrição de uma universidade do interior paulista. Investigação. 2010; 10(2-3):54-9.

Viana EMN, Almeida PC, Soares NT, Luna MFG, Esmeraldo GROV. Adequação dos profissionais de saúde ao Programa de Saúde da Família: propostas e conquistas. Rev APS. 2010; 13(1):109-17.

Campos FCC, Faria HP, Santos MA. Planejamento e avaliação das ações em saúde. 2ª ed. Belo Hori zonte: Coopmed; 2010.

Dimenstein M, Sever AK, Brito M, Pimenta AL, Medeiro V, Bezerra E. O apoio matricial em unidades de saúde da família: experimentando inovações em saúde mental. Saúde Soc. 2009; 18(1):63-74.

Feuerwerker LCM. Estratégias para a mudança da formação dos profissionais de saúde. Cad Ensino Currículo. 2001; 3(4):11-23.

Santos LAS. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev Nutr. 2005; 18(5):681-92. http://dx. doi.org/10.1590/S1415-52732005000500011

Padua JG, Boog MCF. Avaliação da inserção do nutricionista na Rede Básica de Saúde dos municípios da Região Metropolitana de Campinas. Rev Nutr. 2006; 19(4):413-24. http://dx.doi.org/ 10.1590/S1415-52732006000400001

Downloads

Publicado

04-04-2023

Como Citar

Botêga AGUIAR, C. ., & da Silva Campos COSTA, N. M. (2023). Formação e atuação de nutricionistas dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Revista De Nutrição, 28(2). Recuperado de https://puccampinas.emnuvens.com.br/nutricao/article/view/8213

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS