Percepção materna do estado nutricional de crianças de creches de cidade do Sul do Brasil

Autores

  • Maiara Cristina GIACOMOSSI Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Nutrição
  • Tamyris ZANELLA Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Nutrição
  • Doroteia Aparecida HÖFELMANN Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Nutrição

Palavras-chave:

Estado nutricional, Mães, Obesidade, Pré-Escolar, Sobrepeso

Resumo

Objetivo
Avaliar a prevalência e os fatores associados ao erro na percepção do estado nutricional das crianças de creches públicas e privadas de Balneário Camboriú (SC) por parte das mães ou responsáveis.
Métodos
Estudo transversal com a seleção de amostra em duplo estágio (n=589). A coleta de dados incluiu medidas antropométricas e questionário com variáveis infantis e maternas. Foram calculadas as razões de prevalência e intervalos de confiança de 95% (IC 95%), por meio da Regressão de Poisson, ajustada para delineamentos complexos.
Resultados
Foram avaliadas 493 crianças (83,7%). A distribuição em relação ao sexo infantil mostrou-se homogênea. As mães foram as principais respondentes dos questionários (95,7%), apresentaram em geral cor de pele branca e escolaridade média. A prevalência de erro na classificação do estado nutricional infantil foi de 18,9% (IC 95% 15,5-22,4%). Após análise ajustada, sobrepeso (RP 4,8 IC 95% 3,8-7,1) ou desnutrição infantil (RP 4,6 IC 95% 2,8-7,7) e cor da pele do responsável não branca (RP 1,7 IC 95% 1,1-2,6) foram variáveis associadas à maior prevalência do desfecho, enquanto idade do responsável entre 24 e 35 anos (RP 0,5 IC 95% 0,3-0,8), maior renda (RP 0,6 IC 95% 0,4-0,9) e obesidade do responsável (RP 0,3 IC 95% 0,1-1,0) atuaram em direção oposta.

Conclusão
A prevalência de erro foi similar àquela observada em outros estudos e esteve associada a variáveis composicionais maternas e ao estado nutricional infantil.

Referências

Batista Filho M, Rissin A. Transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad Saúde Pública. 2003; 19 (Supl 1):S181-91. doi: 10.1590/S 0102-311X2008001400010.

Abrantes MM, Lamounier JA, Colosimo EA. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. J Pediatr. 2002; 78(4):335-40. doi: 10.1590/S0021-7 5572002000400014.

Stein CJ, Colditz GA. The epidemic of obesity. J Clin Endocrinol Metab. 2004; 89(6):2522-25.

Butte NF, Cai G, Cole SA, Comuzzie AG. Viva la familia study: genetic and environmental contributions to childhood obesity and its comorbidities in the Hispanic population. Am J Clin Nutr. 2006; 84(3): 646-54.

Whitlock EP, William SB, Gold R, Smith PR, Shipman SA. Screening and interventions for childhood overweight: a summary of evidence for the US Preventive Services Task Force. Pediatrics. 2005; 116(1):e125-44. doi: 10.1542/peds.2005-0242.

NSW Centre for Public Health Nutrition. Best options for promoting healthy weight and preventing weight gain in NSW. New South Wales: University of Sidney; 2005.

Dubois L, Girard M. Early determinants of overweight at 4.5 years in a population-based longitudinal study. Int J Obes. 2006; 30:610-7. doi: 10.1038/sj.ijo.0803141

Baughcum AE, Chamberlin LA, Deeks CM, Powers SW, Withaker RC. Maternal perceptions of overweight preschool children. Pediatrics. 2000; 106(6):1380-6.

Campbell MW, Williams J, Hampton A, Wake M. Maternal concern and perceptions of overweight in Australian preschool- aged children. Med J Aust. 2006; 184(6):274-7.

Carnell S, Edwards C, Croker H, Boniface D, Wardle J. Parental perceptions of overweight in 3–5 y olds. Int J Obes. 2005; 29(4):353–5. doi: 10.1038/sj.ijo.0 802889.

Boa-Sorte N, Néri LA, Leite MEQ, Brito SM, Meirelles AR, Luduvice FBS, et al. Percepção materna e autopercepção do estado nutricional de crianças e adolescentes de escolas privadas. J Pediatr. 2007; 83(4): 349-56. doi: 10.1590/S0021-755720070005000 11.

Huang JS, Becerra K, Oda T, Walker E, Xu R, Donohue M, et al. Parental ability to discriminate the weight status of children: results of a survey. Pediatrics. 2007; 120(1):112-9. doi: 10.1542/peds. 2006-2143.

Chuproski P, Mello DF. Percepção materna do estado nutricional de seus filhos. Rev Nutr. 2009; 22(6):929-36. doi: 10.1590/S0021-75572007000 500011.

Molina MCB, Faria CP, Montero P, Cade NV. Correspondence between children’s nutritional status and mothers’ perceptions: a populationbased study. Cad Saúde Pública. 2009; 25(10): 2285-90. doi:10.1590/S0102-311X2009001000 018.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítisca. O Brasil município por município [acesso 2008 out.13]. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Índice de desenvolvimento humano: municipal, 1991 e 2000. [acesso 2008 out. 13]. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/ ranking/IDH-M%2091%2000%20Ranking%20de crescente%20(pelos%20dados%20de%2020 00).htm>.

nstituto Brasileiro de Geografia e Estatítisca. Taxas de fecundidade total Brasil e grandes regiões: 1940-2000. [acesso 2008 set. 9]. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/08052002fecundidade.shtm>.

Bossink-Tuna HN, L’hoir MP, Beltman M, BoereBoonekamp MM. Parental perception of weight and weight-related behaviour in 2-to 4-year-old children in the eastern part of the Netherlands. Eur J Pediatr. 2008; 168(3):333-9. doi: 10.1007/s00 431-008-0787-x.

World Health Organization. The WHO child growth standards. Geneva: WHO; 2006, 2007.

Victora CG, Barros FC. Epidemiologia da saúde infantil. São Paulo: Hucitec; 1991.

World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Geneva: WHO; 1997.

World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995.

Barros AJD, Hirakata VN. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Methodol. 2003; 3:1-13. doi: 10.1186/1471-2288-3-21.

Young-Hyman D, Herman LJ, Scott DL, Schlundt DG. Care giver perception of children’s obesityrelated health risk: a study of African American families. Obes Res. 2000; 8(3):241-8. doi: 10.1038/ oby.2000.28.

Jain A, Sherman SN, Chamberlin LA, Carter Y, Power SW, Whitaker RC. Why don’t low-income mothers worry about their preschoolers being overweight? Pediatrics. 2001; 107(5):1138-46.

Jeffery AN, Voss LD, Metcalf BS, Alba S, Wilkin TJ. Parents’ awareness of overweight in themselves and their children: cross sectional study within a cohort (EarlyBird 21). BMJ. 2005; 330(7481):23-24. doi: 10.1136/bmj.38315.451539.F7.

Tiggemann M, Lowes J. Predictors of maternal control over children’s eating behaviour. Appetite. 2002; 39(1):1-7. doi: 10.1006/appe.2002.0487.

Engstrom EM, Anjos LA. Relação entre o estado nutricional materno e sobrepeso nas crianças brasileiras. Rev Saúde Pública. 1996; 30(3):233-9. doi: 10.1590/S0034-89101996000300005.

Kitsantas P, Gaffney KF. Risk profiles for overweight/ obesity among preschoolers. Early Hum Dev. 2010; 86(9):563-8. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2010.07.0 06.

Engstrom EM, Anjos LA. Déficit estatural nas crianças brasileiras: relação com condições sócio-ambientais e estado nutricional materno. Cad Saúde Pública. 1999; 15(3):559-67. doi: 10.1590/S0102-31 1X1999000300013.

Matijasevich A, Victora CG, Barros AJD, Santos IS, Marco PL, Albernaz EP, et al. Widening ethnic disparities in infant mortality in Southern Brazil: comparison of 3 birth cohorts. Am J Public Health. 2008; 98(4):692-98. doi: 10.2105/ajph.2006.093 492.

Bastos JL, Peres MA, Peres KG, Dumith SC, Gigante DP. Diferenças socioeconômicas entre autoclassificação e heteroclassificação de cor/raça. Rev Saúde Pública. 2008; 42(2):324-34. doi: 10.1590/S0034-8 9102008005000005.

Laguardia J. Raça e epidemiologia: as estratégias para construção de diferenças biológicas. Ciênc Saúde Coletiva. 2007; 12(1):253-61. doi: 10.1590/ S1413-81232007000100029.

Morgenstern H. Defining and explaining race effects. Epidemiology. 1997; 8(6):609-11.

Sousa MH, Silva NN. Estimativas obtidas de um levantamento complexo. Rev Saúde Pública. 2003; 37(5):622-70. doi: 10.1590/S0034-89102003000 500018.

National Center for Health Statistics. Centers for Disease Control and Prevention. Atlanta, GA: Department of Health and Human Services, 2000 [cited 2008 Oct 13]. Available from: <http://www.cdc.gov/growthcharts>

Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishidaa C, Siekmanna J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007; 85(9):660-7. doi: 10.2471/BLT.07.043497.

Downloads

Publicado

27-09-2023

Como Citar

GIACOMOSSI, M. C. ., ZANELLA, T., & HÖFELMANN, D. A. (2023). Percepção materna do estado nutricional de crianças de creches de cidade do Sul do Brasil. Revista De Nutrição, 24(5). Recuperado de https://puccampinas.emnuvens.com.br/nutricao/article/view/9845

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS