A mãe suficientemente boa em situação de vulnerabilidade social
Palavras-chave:
Narrativa interativa, Maternidade, Psicanálise, Vulnerabilidade socialResumo
Esta pesquisa qualitativa busca compreender os sentidos afetivo-emocionais que sustentam a experiência materna em condições precárias ao articular os ideais maternos de mulheres em situação de vulnerabilidade social ao conceito winnicottiano de mãe suficientemente boa. Fez-se uso de um procedimento denominado Narrativa Interativa para facilitar uma abordagem menos defensiva e mais lúdica do tema a ser investigado, convidando mulheres abrigadas em uma instituição para grávidas e puérperas a completar uma história pré-elaborada pela pesquisadora. Como segunda etapa propôs-se um grupo de discussão com as participantes, visando suas concepções a respeito da maternidade. O material coletado foi analisado como produção coletiva de modo a identificar aspectos afetivo-emocionais subjacentes às elaborações imaginativas do grupo sobre a maternidade em situação de precariedade. Sentimentos de desamparo, abandono e solidão permearam as produções narrativas, tanto quanto a ideia de que a experiência de ter num filho abre portas para o desenvolvimento de potencialidades maternas.
Downloads
Referências
Aguiar, D. T., Silveira, L. C., & Dourado, S. M. N. (2011). A mãe em sofrimento psíquico: objeto da ciência ou sujeito da clínica? Escola Anna Nery, 15(3), 622-628.
Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2004). Ser e fazer: enquadres diferenciados na clínica winnicottiana. Aparecida: Ideias e Letras.
Aiello-Vaisberg, T. M. J., Machado, M. C. L., Ayouch, T., Caron, R., & Beaune, D. (2009). Les récits transférenciels comme presentation du vecú clinique: une proposition methodologique. In D. Beaune (Org.), Psychanalyse, Philosophie, and Art: Dialogues (pp.39-52). Lille: L’Hamattan.
Ambrosio, F. F. (2013). O estilo clínico ‘ser e fazer’ na investigação de benefícios clínicos de psicoterapias (Tese de doutorado não-publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Benjamin, W. (1992). O narrador: reflexões sobre a obra de Nikolai Leskov. In W. Benjamin. Sobre arte, técnica, linguagem e política (pp.27-57). Lisboa: Relógio D’Água. (Originalmente publicado em 1936).
Bruner, J. (2004). Life as narrative. Social Research, 71(3), 691-711.
Favoreto, C. S. O., & Júnior Camargo, K. R. (2011). A narrativa como ferramenta para o desenvolvimentoda prática clínica. Comunicação, Saúde e Educação, 15(37), 473-483.
Ferrari, M., & Kaloustian, S. M. (1998). Introdução. In S. M. Kaloustian. Família brasileira a base de tudo (pp.11-15). Brasília: Cortez.
Folle, E., & Geib, L. T. C. (2004). Representações sociais das primíparas adolescentes sobre o cuidado materno ao recém-nascido. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 12(2), 183-190.
Fonseca, C. (2012). Ser mãe, mulher e pobre. In M. Del Priore (Org.), História das mulheres no Brasil (pp.510-553). São Paulo: Contexto.
Gomes, M. A., & Pereira, M. L. D. (2005) Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciência & Saúde Coletiva, 10(2), 357-363.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Uso terapêutico de narrativas interativas com mães em situação de precariedade social. Psico (PUCRS), 42(4), 494-502.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2013). Narrativas interativas sobre o cuidado materno e seus sentidos afetivos-emocionais. Psicologia Clínica (Rio de Janeiro), 25(1), 17-35.
Granato, T. M. M., Corbett, E., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011a). Narrativa interativa e psicanálise. Psicologia em Estudo, 16(1), 157-163.
Granato, T. M. M., Tachibana, M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011b). Narrativas interativas na investigação do imaginário coletivo de enfermeiras obstétricas sobre o cuidado materno. Psicologia e Sociedade, 23(N. Esp.), 81-89.
Herrmann, F. (2004). Introdução à teoria dos campos. São Paulo: Casa do Psicólogo. Lobo, S. (2008). As condições de surgimento da mãe suficientemente boa. Revista Brasileira de Psicanálise, 4(42), 67-74.
Lynch, I., & Tiedje, L. B. (1991). Working with multiproblem families in intervention model for community health nurses. Public Health Nurse, 8(3), 147-153.
Pinto, R. M. F., Micheleti, F. A. B. O., Bernardes, L. M., Fernandes, J. M. P. A., Monteiro, G. V., Silva, M. L. N., ... Cohn, A. (2011). Condição feminina de mulheres chefes de família em situação de vulnerabilidade social. Revista Serviço Social & Sociedade, 105, 167-179.
Pontes, M. L. S., Barcelos, T. F., Tachibana, M., & Aiello- Vaisberg, T. M. J. (2010). A gravidez precoce no imaginário coletivo de adolescentes. Psicologia: Teoria e Prática, 12(1), 85-96.
Prati, L. E., Couto, M. C. P. P., & Koller, S. H. (2009). Famílias em vulnerabilidade social: rastreamento dos termos utilizados por terapeutas de famílias. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25(3), 403-408.,
Reis, S. E. H., Bonadio, I. C., Tsunechiro, M. A., & Merigui, M. A. B. (2008). O cotidiano de mulheres grávidas moradoras no alojamento de uma maternidade social. Texto & Contexto Enfermagem, 17(3), 492-501.
Ricoeur, P. (1999). Historia y narratividad. Barcelona: Paidós Ibérica.
Stake, R. E. (2011). Pesquisa qualitativa estudando como funcionam as coisas. Porto Alegre: Penso.
Tachibana, M. (2011). Fim do mundo: o imaginário coletivo da equipe de enfermagem sobre a gestação interrompida (Tese de doutorado não-publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Winnicott, D. W. (1975a). O papel de espelho da mãe e da família no desenvolvimento infantil. In D. W.
Winnicott. O brincar e a realidade (pp.153-162). Rio de Janeiro: Imago.
Winnicott, D. W. (1975b). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In D. W. Winnicott. O brincar e a realidade (pp.13-58). Rio de Janeiro: Imago.
Winnicott, D. W. (2000). A mente e sua relação com o psique-soma. In D. W. Winnicott. Obras escolhidas: da pediatria à psicanálise (pp.332-346). Rio de Janeiro: Francisco Alves. (Originalmente publicado em 1949).
Winnicott, D. W. (2000). Preocupação materna primária. In D. W. Winnicott. Textos selecionados: da pediatria à psicanálise (pp.491-498). Rio de Janeiro: Francisco Alves. (Originalmente publicado em 1956).
Winnicott, D. W. (2002). Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes.
Winnicott, D. W. (2005). Família e maturidade emocional. In. D. W. Winnicott. A família e o desenvolvimento Mindividual (pp.129-138). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1965).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Michele Carmona ACHING, Tania Mara Marques GRANATO
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
