O lugar do nutricionista nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família

Autores

  • Diana Cris Macedo RODRIGUES Universidade Federal do Ceará
  • Maria Lúcia Magalhães BOSI Universidade Federal do Ceará

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Nutricionista, Pesquisa qualitativa

Resumo

Objetivo
Este estudo objetiva compreender percepções e experiências de nutricionistas atuantes em Núcleos de Apoio à Saúde da Família acerca de sua inserção na Estratégia Saúde da Família.

Métodos
Trata-se de uma investigação orientada pela abordagem qualitativa, ancorada em fundamentos epistemológicos da vertente crítico-interpretativa. O material empírico resultou da articulação entre entrevistas em profundidade e observações livres, realizadas junto a nutricionistas inseridos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família de Fortaleza, Ceará. O processamento e categorização do material empírico evidenciou três eixos centrais, dos quais um, “O nutricionista na Estratégia Saúde da Família”, foi eleito foco deste artigo.

Resultados
Os profissionais têm estruturado seu processo de trabalho assumindo majoritariamente uma prática individualizante e tecnicista, com escassa reflexão acerca de sua atuação. A realização de atividades em âmbito coletivo, intentando prevenir doenças, foi considerada a principal atribuição do Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Grande parte dos informantes concebeu o lugar do nutricionista na prevenção e tratamento de doenças e agravos relacionados à alimentação, por meio de uma educação nutricional voltada à racionalização de recursos. Entretanto, ainda que minoritariamente, experiências em curso revelam outras formas de perceber o lugar do nutricionista, remontando à realização do cuidado em saúde, de forma coerente com os princípios do Sistema Único de Saúde.

Conclusão
Nos achados preponderam posturas profissionais pouco alinhadas aos princípios basilares do Sistema Único de Saúde e às políticas de Segurança Alimentar e Nutricional, apontando incongruências entre estas e as necessidades de saúde da população.

Referências

Gil CRR. Atenção primária, atenção básica e saúde da família: sinergias e singularidades do contexto brasileiro. Cad Saúde Pública. 2006; 22(6):1171-81.doi: 10.1590/S0102-311X2006000600006

Giovanella L, Mendonça MHMD, Almeida PF. Saúde da família: limites e possibilidades para uma abordagem integral de atenção primária à saúde no Brasil. Cienc Saúde Colet. 2009; 14(3):783-94. doi: 10.1590/S1413-81232009000300014

Andrade LOM, Barreto ICHC, Bezerra RC. Atenção primária à saúde e estratégia saúde da família. In: Campos GWS, Minayo MCS, Akerman M, Drumond Júnior M, Carvalho YM, Organizador. Tratado de saúde coletiva. 2ª ed. São Paulo: Hucitec; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde; 2011 [acesso 2011 nov 1]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Brasília: Ministério da Saúde; 2008 [acesso 2008 fev 2]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0154_24_01_2008.html>.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes do NASF: núcleo de apoio a saúde da família. Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [acesso 2011 dez 13]. Disponível em: .

Campos GWS, Domitti AC. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cad. Saúde Pública. 2007 [acesso 2010 jan 13]; 23(2):399-407. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2007000200016&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. doi: 10.1590/S0102-311X2007000200016>.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [acesso 2010 dez 30]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html>.

Recine E, Vasconcelos AB. Políticas nacionais e o campo da alimentação e nutrição em saúde coletiva: cenário atual. Cienc Saúde Colet. 2011; 16(1):73-9. doi: 10.1590/S1413-81232011000100011

Pádua JG, Boog MCF. Avaliação da inserção do nutricionista na Rede Básica de Saúde dos municípios da Região Metropolitana de Campinas. Rev Nutr. 2006; 19(4):413-24. doi: 10.1590/S1415-52732006000400001

Bosi MLM. Profissionalização e conhecimento: a nutrição em questão. São Paulo: Hucitec; 1996.

Vasconcelos FAG. O nutricionista no Brasil: uma análise histórica. Rev Nutr. 2002 [acesso 2010 jun 13]; 15(2):127-38. doi: 10.1590/S1415-52732002000200001

Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES 5, de 7 de no-vembro de 2001. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em nutrição. 1. Brasília: Diário Oficial da União; 2001 [acesso 2011 jun 13]. Seção 1, p.3. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES05.pdf>.

Recine E, Gomes RCF, Fagundes AAF, Pinheiro ARO, Teixeira BA, Sousa JS, et al. A formação em saúde pública nos cursos de graduação de nutrição no Brasil. Rev Nutr. 2012; 2(1):21-33. doi: 10.1590/S1415-52732012000100003

Bosi MLM. Pesquisa qualitativa em saúde coletiva: panorama e desafios. Cienc. Saúde Colet. 2012 17(3):575-86. doi: 10.1590/S1413-8123201200 0300002

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Pesquisa envolvendo seres humanos. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde; 1996 [acesso 2011 nov 21]. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final_196_ENCEP2012.pdf>.

Pilon AF. Construindo um mundo melhor: abordagem ecossistêmica da qualidade de vida. RBPS. 2006 [acesso 2014 ago 15]; 19(2):100-12. Disponível em: <http://hp.unifor.br/pdfs_notitia/860.pdf>.

Pilon AF. Relações humanas com base em dinâmica de grupo em uma instituição de prestação de serviços. Rev Saúde Pública. 1987 [acesso 2014 ago 15]; 21(4):348-53. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-89101987000400009>.

Arouca ASS. O dilema preventivista: contribuição para a compreensão e crítica da medicina preventiva [doutorado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1975.

Esperidiao MA. Trad LAB. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais. Cad Saúde Pública. 2006; 22(6):1267-76. doi: 10.1590/S0102-311X2006000600016

Neto JLF, Kind L, Barros JS, Azevedo NS, Abrantes TM. Apontamentos sobre promoção da saúde e biopoder. Saúde Soc. 2009 [acesso 2011 jan 23]; 18(3):456-66. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29615>.

Heckert ALC. Ética e técnica: exercício e fabricações. In: Pinheiro R, Mattos RA, Organizador. Cuidar do cuidado: responsabilidade com a integralidade das ações de saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2008.

Rose N. The politics of life itself: Biomedicine, power and subjectivity in the Twenty-First Century. Oxford: Princeton University Press; 2007.

Pedroza RG. A nutrição social no Brasil: [mais] uma estratégia biopolítica? [dissertação]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2010.

Boog MCF. Educação nutricional: porque e para quê? J Unicamp. 2004 [acesso jun 2013]; 260:2-8. Disponível em: <http://www.unicamp.br/ unicamp/unicamp_hoje/jornalPDF/ju260pag02.pdf>.

Bosi MLM. A face oculta da nutrição: ciência e ideologia. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; 1988.

Furtado JP. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração entre disciplinas e profissões. Interface: 2007 [acesso 2011 out 15]; 22:239-5. doi: 10.1590/S1414-32832007000200005

Campos GWS. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Cienc Saúde Colet. 2000 5(2):219-30. doi: 10.1590/S1413-812 32000000200002

Mattos RA. A integralidade na prática ou sobre a prática da integralidade. Cad Saúde Pública. 2004 20(5):1411-6. doi: 10.1590/S0102-311X2004000500037

Downloads

Publicado

18-04-2023

Como Citar

Macedo RODRIGUES, D. C. ., & Magalhães BOSI, M. L. (2023). O lugar do nutricionista nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Revista De Nutrição, 27(6). Recuperado de https://puccampinas.emnuvens.com.br/nutricao/article/view/8368

Edição

Seção

EDUCAÇÃO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA