Iniquidades socioeconômicas na conformação dos padrões alimentares de crianças e adolescentes

Autores/as

  • Rita de Cássia Ribeiro SILVA Universidade Federal da Bahia
  • Ana Marlúcia Oliveira ASSIS Universidade Federal da Bahia
  • Sophia Cornbluth SZARFARC Universidade de São Paulo
  • Elizabete de Jesus PINTO Universidade Federal da Bahia
  • Lília Carolina Carneiro da COSTA Universidade Federal da Bahia
  • Laura Cunha RODRIGUES London School of Hygiene and Tropical Medicine

Resumen

Objetivo
Identificar e quantificar a influência dos fatores socioeconômicos sobre os padrões alimentares.

Métodos
Estudo transversal de base populacional com amostra de 1.136 crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade, de ambos os sexos, matriculados na rede pública de Salvador (BA), Brasil. O consumo alimentar foi medido por meio do questionário qualitativo de frequência alimentar. Os padrões de consumo foram identificados por meio de análise de componentes principais. Para o estudo da influência dos indicadores socioeconômicos na conformação dos padrões alimentares, foram utilizados modelos de regressão quantílica.

Resultados
Os padrões alimentares extraídos foram classificados em padrão obesogênico e padrão tradicional. Nos modelos de regressão quantílica, ajustados por faixa etária e por sexo, o menor grau de instrução materna esteve associado negativamente, em níveis significantes, na maioria dos percentis, ao consumo de alimentos que integram o padrão obesogênico. A baixa renda associou-se negativamente aos maiores percentis (pu95). Os dados indicam não haver influência dos indicadores socioeconômicos sobre o consumo de alimentos que integram o padrão tradicional.

Conclusão
Conclui-se que há influência dos fatores socioeconômicos na adesão ao padrão obesogênico de consumo. Esse conjunto de resultados requer a atenção dos gestores públicos para a identificação de um padrão de consumo ocidental, visualizado amplamente nos estudos em que se avaliam padrões de consumo adotados na atualidade pela população brasileira - sobretudo por crianças e adolescentes -, caracterizados por englobar componentes alimentares de risco para as doenças crônicas não transmissíveis.

Citas

Brazilian Institute of Geography and Statistics. POF 2008-2009: anthropometry and nutritional status of children, adolescents and adults in Brazil [Internet]. Rio de Janeiro: Brazilian Institute of Geography and Statistics; 2010 [cited 2011 Mar 5]. Available from <http://www.ibge.gov.br>.

Holt R. The Food and Agriculture Organization/World Health Organization expert report on diet, nutrition and prevention of chronic diseases. Diabetes Obes Metab. 2003; 5(5):354-8.

Carmo MB, Toral N, Silva MV, Slater B. Consumo de doces, refrigerantes e bebidas com adição de açúcar entre adolescentes da rede pública de ensino de Piracicaba, São Paulo. Rev Bra Epidemiol. 2006; 9(1):121-30.

Lenz A, Olinto MTA, Dias-da-Costa JS, Alves AL, Balbinotti M, Pattussi MP, et al. Socioeconomic, demographic and lifestyle factors associated with dietary patterns of women living in Southern Brazil. Cad Saúde Pública. 2009; 25(6):1297-306.

Neutzling MB, Araújo CLP, Vieira MFA, Hallal PC, Menezes AM. Frequencia de consumo de dietas ricas em gordura e pobres em fibras entre adolescentes. Rev Saúde Pública. 2007; 41(3):336-42.

Xie B, Gilliland FD, Li YF, Rockett HR. Effects of ethnicity, family income, and education on dietary intake among adolescents. Prev Med. 2003; 36(1): 30-40.

Aranceta J, Perez-Rodrigo C, Ribas L, Serra-Majem L. Sociodemographic and lifestyle determinants of food patterns in Spanish children and adolescents: the enKid study. Eur J Clin Nutr. 2003; 57(Suppl 1): S40-4.

Levy RB, Castro IRR, Cardoso LD, Tavares LF, Sardinha LMV, Gomes FD, et al. Food consumption and eating behavior among brazilian adolescents: National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE), 2009. Ciênc Saúde Coletiva. 2010; 15 (Suppl 2):3085-97.

Borges CQ, Silva RCR, Assis AMO, Pinto EJ, Fiaccone RL, Pinheiro SMC. Fatores associados à anemia em crianças e adolescentes de escolas públicas de Salvador (BA), Brasil. Cad Saúde Pública. 2009; 25(4):877-88.

Slater B, Philippi ST, Fisberg RM, Latorre MR. Validation of a semi-quantitative adolescent food frequency questionnaire applied at a public school in São Paulo, Brazil. Eur J Clin Nutr. 2003; 57(5): 629-35.

Voci SM, Slater B, Silva MV, Marchioni DM, Latorre MD. Estudo de calibração do Questionário de Frequência Alimentar para Adolescentes (QFAA). Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(4):2335-43.

Neumann AICP, Martins IS, Marcopito LF, Araújo EAC. Padrões alimentares associados a fatores de risco para doenças cardiovasculares entre residentes de um município brasileiro. Rev Panam Salud Pública. 2007; 22(5):329-39.

Hearty AP, Gibney MJ. Comparison of cluster and principal component analysis techniques to derive dietary patterns in Irish adults. Br J Nutr. 2009; 101(4):598-608.

Koenker R, Bassett G. Regression quantiles. Econometrica.1978; 46:33-50.

Silva ARV, Damasceno MMC, Marinho NBP, Almeida LS, Araújo MFM, Almeida PC, et al. Hábitos alimentares de adolescentes de escolas públicas de Fortaleza, CE, Brasil. Rev Bras Enferm. 2009; 62:18-24.

Leal GV, Philippi ST, Matsudo SM, Toassa EC. Consumo alimentar e padrão de refeições de adolescentes, São Paulo, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(3):457-67.

Farias Júnior JC, Nahas MV, Barros MVG, Loch MR, Oliveira ESA, De Bem MFL, et al. Comportamento de risco à saúde em adolescentes no sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Rev Panam Salud Publica. 2009; 25(4):344-52.

Mikkila V, Rasanen L, Raitakari OT, Pietinen P, Viikari J. Consistent dietary patterns identified from childhood to adulthood: the cardiovascular risk in Young Finns Study. Br J Nutr. 2005; 93(6):923-31.

Pinto SL, Silva RC, Priore SE, Assis AM, Pinto EJ. Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e avaliação de fatores associados em crianças e adolescentes de escolas públicas de Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública. 2011; 27(6):1065-75.

Nunes MMA, Figueiroa JN, Alves JGB. Excesso de peso, atividade física e hábitos alimentares entre adolescentes de diferentes classes econômicas em Campina Grande (PB). Rev Assoc Med Bras. 2007; 53(2):130-4.

Sarlio-Lahteenkorva S, Lahelma E. The association of body mass index with social and economic disadvantage in women and men. Int J Epidemiol. 1999; 28(3):445-9.

Mendonça CP, Anjos LA. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad Saúde Pública. 2004; 20:698-709.

Levy-Costa RB, Sichieri R, Pontes NS, Monteiro CA. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Rev Saúde Pública. 2005; 39(4):530-40.

Publicado

2023-08-22

Cómo citar

Ribeiro SILVA, R. de C., Marlúcia Oliveira ASSIS, A. ., Cornbluth SZARFARC, S. ., PINTO, E. de J. ., Carneiro da COSTA, L. C. ., & Cunha RODRIGUES, L. . (2023). Iniquidades socioeconômicas na conformação dos padrões alimentares de crianças e adolescentes. Revista De Nutrição, 25(4). Recuperado a partir de https://puccampinas.emnuvens.com.br/nutricao/article/view/9278

Número

Sección

ARTIGOS ORIGINAIS