PRESS RELEASE - Refugiados: (re)territorialidade e perspectivas

2023-05-08

A pesquisa busca entender as alternativas de assentamentos para refugiados que possam permitir maior qualidade de vida, além de integração social. Como método de pesquisa, foi realizada uma análise comparativa dos campos de refugiados de Dadaab e Kalobeyei, ambos no Quênia. O primeiro, Dadaab, um modelo tradicional em que imigrantes são eternamente dependentes de um frágil e limitado assistencialismo social; e o segundo, Kalobeyei, um modelo inovador, ainda que incipiente, que busca a integração, a liberdade e a evolução social e econômica dos refugiados.

O autor do trabalho é James Miyamoto, professor do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (PROURB-FAU-UFRJ) e líder do Laboratório de Ecologia Urbana (LEUr-FAU-UFRJ). A relevância da pesquisa está na necessidade de se entender algo inerente à natureza de um refugiado: o processo de “desterritorialização-territorialização”. No presente estágio dos enclaves planejados de refugiados, espontâneos ou híbridos, estão as condições coercitivas que impedem o trabalho e a integração com comunidades nativas; a precária infraestrutura dos assentamentos; a falta de perspectiva de futuro e autossuficiência; a negligência da comunidade internacional diante do crescente problema etc.

Kalobeyei pode ser o início de uma reação representativa de um novo tipo de campo de refugiados. Críticas à parte, vale lembrar que foram estabelecidos três momentos sequenciais, com duração prevista de cerca de 15 anos, para a implantação de um tipo de campo de refugiado com um viés menos assistencialista e mais autossuficiente, com ênfase na educação e na integração social. A Fase I ainda nem chegou ao final. Há ainda muito a ser percorrido. A questão dos refugiados é urgente e grave, mas as dimensões qualitativas e quantitativas do tema são desafios que demandam tempo, recursos, políticas específicas e espírito humanitário.

É nítido que o atual “modelo”, baseado frequentemente em migrações entre países paupérrimos, não oferece alternativas plausíveis e sustentáveis. Organismos multilaterais de caráter social devem instar países socialmente mais equilibrados e ricos a oferecerem recursos e, quem sabe, disponibilizar acolhimento diplomático e humanitário para uma multidão que representa um dos maiores problemas contemporâneos do planeta.

 

Confira o artigo na íntegra: https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/oculum/article/view/5255/6028

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Referências bibliográficas

BETTS, A.; OMATA, N.; STERCK, O. The Kalobeyei settlement: a self-reliance model for refugees? Jornal of Refugee Studies, v. 33, n. 1, p. 189-223, 2020.

BRANKAMP, H. Camp abolition: ending carceral humanitarianism in Kenya (and beyond). Antipode, v. 54, p. 106-129, 2022. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/anti.12762 . Acesso em: 18 ago. 2022.

UNITED NATIONS HIGH COMMISSIONER FOR REFUGEES. Global Trends: forced displacement in 2021. [S.l.]: UNHCR, 2022. Disponível em: https://www.unhcr.org/62a9d1494/global-trends-report-2021 .  Acesso em: 15 ago. 2022.

hashtags

#refugiados; #assentamentosprecarios; #territorio; #forceddisplacement (ou #migracaoforcada); #crisehumanitaria;

 

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James Miyamoto

PROURB-FAU-UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: james@fau.ufrj.br