Deficiência de vitamina A e aspectos associados aos níveis de retinol em estudantes de escolas públicas
Palavras-chave:
Indicadores, Estudantes, Vitamina A, Deficiência de vitamina AResumo
Objetivo
Estimar a prevalência de deficiência de vitamina A e analisar fatores socioeconômicos e demográficos associados aos níveis de retinol séricos em estudantes de escolas públicas.
Métodos
Estudo transversal conduzido com 245 estudantes da zona urbana e rural da cidade de Teresina, Piauí. Dados socioeconômicos foram coletados em formulário e o retinol sérico determinado por cromatografia líquida de alta resolução e classificado segundo os pontos de corte da Organização Mundial de Saúde. Adotou-se nível de significância de 5% para todos os testes estatísticos.
Resultados
A prevalência de deficiência de vitamina A (níveis de retinol <0,70μmol/L) foi de 9,8% (IC95%=7,9–10,0). Verificaram-se maiores prevalências de níveis de retinol baixos ou aceitáveis (<1,05µmol/L) em estudantes na faixa etária de 12–14 anos e que residiam em domicílios onde a água não era provida pela rede pública (p>0,05). Assim, ingerir água de poço ou de outra fonte não tratada foi o fator de maior impacto sobre a ocorrência de níveis mais baixos de retinol (OR=3,28; IC95%=1,48–7,28; p=0,003).
Conclusão
A deficiência de vitamina A caracterizou-se como problema de saúde pública leve entre os estudantes estudados, sinalizando a necessidade de direcionar ações que enfoquem esta problemática em escolares, bem como, de planejamento de estudos com amostras mais abrangentes para investigar o problema em âmbito municipal e estadual. A ingestão de água não tratada, possivelmente um veículo de infecção, contribuiu para menores valores de retinol.
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